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Quinta-feira, 15 de Maio de 2025
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Sobre os ombros de São Cristóvão, os designíos de Deus...

Apenas na mão de Deus

José Luiz Ayres
Por José Luiz Ayres
Sobre os ombros de São Cristóvão, os designíos de Deus...
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Sobre os ombros de São Cristóvão e os desígnios de Deus!

 

No que concerne o episodio a ser descrito, tenha ocorrido em 1972, quando as Marias fumaças já haviam se extinguido das ferrovias pelo Brasil a fora dando lugar as possantes máquinas a diesel e eletrificadas, não poderia me furtar em narrar um ocorrido, o qual um amigo; Sidney estava envolvido.

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               Segundo sua dramática narrativa, tudo ocorreu numa noite quando regressava de seu trabalho, após percorrer dezenas de quilômetros na sua estafante luta diária às visitações aos seus clientes no ramo de implementos agrícolas, na rotina profissional em levar os produtos e as novidades atuais do mercado. Por volta de 21 horas, já tomado pelo cansaço, conduzindo seu fuscão 71, por uma estrada que levaria de Eng. Pedreira a Nova Iguaçu, RJ, de repente o seu carro parou. Saindo do auto, abriu a tampa traseira do motor e depois de observar, constatou que o cabo da bobina se soltou. Colocando-o no lugar, acionou o arranque e tudo correu bem dando prosseguimento ao percurso. Mais a diante ao se aproximar de uma passagem de nível indicada pela presença de uma placa sinalizadora de trânsito, alertada pela cruz inserida com as tradicionais palavras; Pare, Olhe e Escute, com os faróis altos, posiciona-se à beira elevada do leito férreo a olhar nos dois sentidos. Constatando que a via apresentava-se escura e silenciosa, engrenou a 1ª marcha e lentamente pôs-se a cruzar os dois pares de trilhos. Só que ao iniciar o cruzamento do segundo par,  um solavanco pelo desnível da linha, fez o carro morrer. Um tanto preocupado, na total escuridão, salta do fusca e abrindo a tampa do motor procede a operação cabo da bobina que com certa dificuldade consegue fixá-lo. Retornando ao interior do veículo, quando observa ao longe uma imensa claridade. Assustando-se, tenta acionar o arranque virando a chave na ignição, que por sua vez nega o contato. Insistindo, repete a operação e nada do fuscão pegar.

               Olhando, agora o forte farol do trem que apitando continuamente mais se aproximava, vê as fagulhas que se projetavam em propulsão das rodas atritadas com os trilhos pela frenagem e só lhe restou deixar o carro. Infelizmente não houve tempo hábil e o trem choca-se com o fusca que sai deslizando sobre os trilhos empurrado e sacudido aos trancos. No interior do carro, Sidiney agarrado aos componentes da fuselagem que se desmanchavam e se amassavam como folhas de jornal fossem impiedosamente, apavorado, sente que o fusca começa a inclinar-se numa projeção inevitável de se espedaçar integralmente levando consigo a sua vida. Tomado pelo pavor da morte e o forte calor exalado pela locomotiva, cujo ruidoso barulho o aturdia, em desespero, clama a São Cristóvão, quando o trem finalmente parou. Preso àquele monte de ferro retorcido, sem ter como se mexer e ainda mais livrar-se do local que se impregnava de gasolina, onde a qualquer momento poderia pelo calor explodir, só lhe restou continuar a clamar a Deus por intercessão de São Cristóvão que o protegesse do pior.

               Não tardou, ouviu vozes e mais de pressa pediu por socorro. O que ouvido foi socorrido e a muito custo retirado daquele emaranhado de ferragens alagado de gasolina. Colocado à margem do leito pelos maquinistas, que se surpreenderam pelo estado físico da vitima que possuía apenas uns poucos arranhões, refeito parcialmente do dramático e desesperador momento a olhar o que sobrou do fuscão, de joelhos pôs-se a orar. Em seguida, acompanhado dos maquinistas, caminharam até a passagem de nível; que se distanciava a quase 100 m de onde a máquina parou, onde jaziam pedaços do fusca a se espalharem em toda a extensão do trajeto a finalizar no que restou do veículo. Solicitado, acompanhou o maquinista até à estação de Eng. Pedreira, em que junto ao chefe da estação foi feita a ocorrência administrativa e após então, rumou a Delegacia Policial para o registro do acidente com a emissão do B.O (Boletim de Ocorrência) objetivando o seguro do veículo.

               Efetuado os trâmites legais, num taxi seguiu seu destino ao Rio de Janeiro, onde residia, no bairro de São Cristóvão.

               Quanto ao fuscão; no que restou, provavelmente algum catador de sucata a recolheu no intuito de vender ao ferro velho.

               Quanto a Sidney, ficaram dois legados: o primeiro foram os 100m mais longos de sua vida e o segundo ter por São Cristóvão sua maior devoção, onde mantém por promessa ofertar aos amigos medalhas do santo enquanto viver.

               Hoje, um bem sucedido comerciante no ramo de máquinas agrícola e tratores, possui em sua sala a imagem talhada em madeira; de 1m de altura, do seu protetor à direita da mesa de trabalho.

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José Luiz Ayres

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