Sociologia estudada... “ In loco”
Nossos fieis leitores, devem se lembrar de uma crônica à qual “passamos” por assaltantes de banco à cidade de Stº. Antônio da Alegria, quando nos dirigíamos à cidade paulista de Mococa. Pois bem, depois daquele dia estressante ao chegarmos a localidade, fomos agraciados com um fato insólito que vocês na certa duvidarão, ser considerado real, tal a grandeza do contexto narrado.
Um cidadão já um tanto “gasto, pra lá de cinquentão” hóspede do hotel, se chegou à sala de estar e dirigindo-se a nós, que curtíamos o noticiário televisivo e nos indagou se houve no transcorrer do dia algo que pudesse ser considerado como interessante e ficou a conversar. Conversa vai, conversa vem, por sinal até um tanto agradável, revelou ser Prof. universitário em Curitiba, na cadeira de Antropologia e Sociologia. O fato em si, nada representou, mas pelo aspecto físico, ou seja: alto, magro, de uma palidez até mórbida, dotado de óculos com grossas lentes, meio calvo, tinha tudo a ver com um Sociólogo, pelo menos numa análise à primeira vista. Principalmente quando se disse chamar Prof. Clouse.
Deixando a sala, a sair em busca do nosso jantar, pois a fome se fazia presente. Com certa dificuldade em encontrar um local que nos atraísse a refeição, acabamos encontrando uma pizzaria, onde por fim nos valemos. Por sinal a tratoria até nos surpreendeu, pois fomos muito bem recebidos, um vinho de excelente qualidade, bem como a pizza muito saborosa, que nos deixou bem satisfeitos. Só que uma surpresa se fez presente, ao ver num canto do salão, o Prof. Clouse sentado diante de uma caneca de vinho, a proceder a anotações, que nos pareceu ser uma agenda. Ao findar minha refeição, enquanto minha mulher deliciava-se com seu pudim de leite, deixei a mesa indo à direção do toalete. Por incrível que possa parecer, lá estava o topo da careca da “figura” sobre uma das portas dos
boxes dos vasos sanitários. O mesmo ao se deparar comigo, com um cumprimento de mão e cabeça, foi logo dizendo: -- “Estou procedendo minhas pesquisas, é um trabalho muito ardor. Não entendi bem suas palavras, mas sorri e meneei a cabeça após me servir do local deixando um sonoro Tchau.
Mais tarde, já no hotel, assistindo Tv, eis que surgi conduzindo uma surrada pasta de couro e senta-se ao nosso lado. Aceitando suas solicitações, não dei muita conversa. Mas não demorou, a indagar-me se não estava intrigado pelo fato de encontrá-lo trabalhando naquele local, até um tanto fétido. Sem querer ser indelicado, mas com um sorriso meio fajuto, balbuciei um lacônico “Claro”!
Retirando da pasta um papelório, pôs a lê-lo. Eram pensamentos, provérbios, trovas, quadras, e até sextilhas, que de fato algumas tocavam a nossa sensibilidade e nos passaram a interessar. Aquele material bem diversificado representava um compêndio reunindo os mais profundos sentimentos, segundo ele, de anônimos seres humanos nos seus momentos de extrema privacidade e solidão, que segundo também dizia o “mestre”, eram colocados pra fora de forma até lírica, juntamente com inúmeras frases soltas falando sobre o amor, paixão, ódio, violência e erotismo expressados no mais puro e verdadeiro sentimento.
Imaginem vocês, que aquela coletânea poética, era o resultado de uma pesquisa que vinha sendo efetuada e pasmem!! Conseguida atrás das portas e paredes dos vasos sanitários de estabelecimentos públicos em geral... E pasmem ainda mais, quando lemos naquele dossiê o nome do nosso mestre Sociólogo; Walter Clouse Trancado, ou simplesmente, WC para os íntimos...
Moral da História: Não há nada melhor depois de um dia estressante, do que nos depararmos com um fato inusitado que nos leva além da vã filosofia...
Ah... Essas figuraças imbuídas em turistas, quando se revelam o quanto são aquilo que imaginamos , tornam-se sem dúvida um excêntrico e nos oferecem realmente instantes bem pitorescos além de muito Re-laxantes...
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