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Domingo, 23 de Marco de 2025
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Um Bacalhau bem apimentado

E haja pimenta...

José Luiz Ayres
Por José Luiz Ayres
Um Bacalhau bem apimentado
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Um bacalhau bem apimentado!

 

            Lá ia o expresso campista rumo ao norte fluminense, sob um calor causticante, quando uma mulher ergue-se da sua poltrona indo à direção do toalete. Passado alguns minutos, deixou o local retornando. Mas no que se sentou, premeu as narinas meneando a cabeça sob uma fisionomia um tanto aborrecida e vê Evandro, o chefe do trem, adentrar ao vagão, a executar sua inspeção rotineira e o acena solicitando sua presença.

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 Ao chegar à mulher, antes mesmo de indagar o que desejava, a indignada criatura o pergunta se haveria à possibilidade em trocar de vagão, já que o carro mantinha-se lotado e ela não estava mais aguentando permanecer ali; inclusive tendo por três vezes se ocupado do toalete, provocado pelo nauseante odor insuportável exalado, a ponto de atribuir até a ela própria o cheiro, obrigando-a verificar se tal coisa não estava acontecendo.

             Evandro na sua presteza, mantendo-se compenetrado mesmo diante da jocosidade ouvida, a respondeu que verificaria na possibilidade, mas que observasse melhor esse incômodo, pois lugares à primeira classe seriam difíceis e na segunda os assentos não seriam estofados, mas sim de madeira. No que a injuriada mulher disse não ter importância, pois desde que se livrasse da porcalhona seria ótimo.

 Nisso a mulher que ocupava ao seu lado a janela no par de poltronas, que obviamente ouvia aquele diálogo, se insurgiu perguntando se por acaso estava se referindo a ela, a chamá-la de porcalhona. Virando-se de imediato, a injuriada fazendo-se de surpreendida, retrucou com certa agressividade, dizendo que desconfiava sim, pois se quer reclamou do cheiro desagradável, já que o odor era bem característico de falta de asseio íntimo e que só melhorava quando ia ao toalete.

Indignada pela ofensa ouvida, a mulher irada diante da acusação, esbravejando, diz que porca era ela ao dizer que até desconfiou dela mesma dirigindo-se ao toalete, não tendo certeza de sua higiene.

 Possessa pela desfaçatez da vizinha ao tocar na sua sensibilidade e ofendê-la, atribuindo ser uma mulher imunda, revoltada tentou agredi-la, no que foi contida por Evandro, a obrigar as duas a se acalmarem.  A quase agredida, ajeitando seu cabelo, apanhou ao chão seu embrulho que caíra no “arranca rabo”, colocando-o ao seu lado, quando a inconformada franzindo o nariz a premer as narinas, fala a Evandro: - O senhor sentiu o cheiro agora, no instante em que a porcalhona ao se abaixar abriu as pernas para pegar o embrulho?

            Evandro, dando de ombro, meneou a cabeça afirmativamente, pois  não havia como discordar. A mulher não se conformando com os dois, retrucou: --    Ora bolas,  este odor é do meu bacalhau! Será que não reconhecem o cheiro de um bacalhau?

            A outra aproveitando a “deixa”, de forma irônica treplica:  --  Só se a sua tem apelido de bacalhau!

            Sem que esperasse, a dita porcalhona vira o braço na vizinha, formando o furdunço, onde Evandro e alguns passageiros a muito custo,  conseguiram contornar o problema, embora o cheiro ainda mantivesse presente, com as “contendoras” a trocarem insultos a se digladiarem pelas palavras a deixar o pobre Evandro entre a cruz e a espada.

            Por fim a dona do bacalhau “malcheiroso” levanta-se, a deixar o local, a solicitar a Evandro que retirasse sua mala do bagageiro e apanhasse o embrulho do pescado sobre o assento, pois iria para a segunda classe.

Mais tranquilo, o chefe cumpre a solicitação, dizendo que o bacalhau ficaria sob sua guarda e o procurasse à plataforma quando deixasse o trem no seu destino. Com a concordância da mulher, e desculpando-se entre os dentes da outra, que permaneceu no lugar, lá se foram os dois; Evandro conduzindo a mala e o bacalhau, e a mulher cujo odor foi o motivo do furdunço. Só que, antes de seguir à segunda classe, Evandro pede à mulher que ficou, a abrir o vidro da janela no intuito de arejar o local.

 Virando-se a ele, sarcasticamente fala:   --   Não há necessidade, pois a dona do bacalhau fedorento já se foi!  Ainda bem que a outra não ouviu, pois se não,  a bacalhoada além de apimentada seria bem salgada e bastante indigesta.

 

 

OBS: Esta crônica já foi editada há alguns anos, mas a pedido de vários leitores, estou reproduzindo-a de novo, dado atende-los às solicitações, que segundo dizem, foi bem jocoso...

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