Um carré, um susto e o rabino!
Acabávamos de ocupar uma das mesas no restaurante visando o almoço, quando deparamos à mesa ao lado o Sr. Avram e sua mulher, hóspedes da pousada em que estávamos hospedados à cidade de Nova Friburgo, RJ, que após cumprimentá-los e sentarmos, fomos abordados pelo garçom com a sugestão do dia. Todavia por nos ser sugerido “Carré suíno”, declinamos do oferecimento, no que pese o simpático casal Avram haver com o polegar erguido dado sinal de aprovação. Agradecendo a positividade expressada, optamos pelo velho e tradicional filé de frango grelhado.
Petiscando o lauto serviço, enquanto aguardávamos à chegada do nosso pedido, de súbito me assusto com o braço do seu Avram, esticado a colocar o prato e a travessa sobre nossa mesa, seguido também da sua mulher e os talheres que usavam. O que nos causou além da surpresa, certo desconforto, pra não dizer uma desagradável cena. Afinal o que estaria ocorrendo, para tal procedimento esquisito assim tão abrupto e inconsequente?
Sem entender, perplexo com aquela atitude descabida, ao olhá-los, Avram sinalizou-me dizendo entre dentes, após ingerir a agua do copo, que depois explicaria o motivo. É por “Moisés”...
Nisso chegou-se a sua mesa, um cidadão barbudo tendo à parte posterior da cabeça um pequeno solidéu negro como sua barba, bordado de dourado, a pronunciar a palavra “slalom”, seguidas de outras tantas incompreensíveis, de origem hebraica, cumprimentando-os. Sendo solicitado a sentar-se, o que não aceitou, deixando o casal logo a seguir. Estava ali a razão daquela atitude estranha, em colocar sobre nossa mesa suas refeições, pois segundo o “Toram”, livro sagrado do judaísmo, é proibido comer carne suína. O judeu que a come, está cometendo um grave pecado perante Moisés . Agora, imagina ter a “sorte” de encontrar pela frente, um rabino da qual sinagoga é um membro e frequentador, na cidade do Rio de Janeiro, que por “azar”, segundo nos confiou, nunca poderia supor encontrá-lo a mais de 150 km, para atrapalhar seu saboroso “carré”, aqui em Nova Friburgo.
Moral da história: De onde menos se espera, a verdade sempre aparece
Ah... Esses “Turistas Incógnitos”, quando são surpreendidos por situações que os deixam apavorados diante de fatos, quase impossíveis de ocorrerem e se veem obrigados a procedimentos infantis, dada a gravidade que representam, só temos a agradecer e relevar os momentos pitorescos que praticam, cujas consequências apenas Moises saberá prever e, lógico perdoar.. Com isso, talvez prove, o seu perdão junto a Moisés, que nosso almoço foi pago pelo casal Avram! Slalom!!!.
Esta informação nos foi passada, logo a seguir, após pegarem os pratos e talheres, que foram deixados a nossa mesa pela presença surpresa do rabino da sua sinagoga... Mesmo agradecendo a gentileza em nos presentear o nosso almoço, tentamos dissuadi-lo do oferecimento, o que se negaram, com a alegação em penitência ao pecado cometido perante a Moisés, ou seja; Comer um delicioso caré de porco aqui em Nova Friburgo. Portanto, amigos aceitem nossa oferta... Pois o carré esta muito gostoso. Moisés que nos desculpe por esse pecado...
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