Um espirro, depois o “coice da aristocracia”...
Passou a ser comum na atual conjuntura, talvez a dificuldade que a vida nos impõe pela sobrevivência através da competição acirrada da concorrência econômica, em que o fator desemprego se mostra presente no dia a dia, procuramos compreender certas atitudes e comportamentos de alguns estressados, em que nos seus cotidianos tem o estresse como fator predominante.
Em determinada ocasião, curtíamos as delícias paranaenses, quando nos hospedamos à cidade de Cornélio Procópio, cujo objetivo era o pernoite, tendo em vista o cansaço natural da nossa viagem. O hotel bem localizado ao centro da cidade nos oferecia bom conforto e boa acolhida, mesmo com as suas dependências um tanto requintada. De fato fez sentido nossas conclusões e apreciações, já que observamos quando chegamos ao bar à antessala do salão, que algo de importante seria realizado, dado a agitação de pessoas na organização de possível evento. Solicitamos ao serviçal, uma garrafa de água mineral e dois cafés expressos, que prontamente nos foi servido. Aproveitando, indaguei o que seria aquela correria na preparação do salão. Respondeu-me que era a convenção anual da renomada empresa -- cujo nome não mais me recordava -- que a cada ano condecora alguns funcionários e dirigentes por se sobressaírem no empenho as suas áreas produtivas pelo seu presidente, onde é servido um amplo serviço de “buffet”, aos aristocratas que desfrutarão da confraternização .
Todavia, como hóspedes, não nos caberia, óbvio, participar do evento, pois apenas estávamos de passagem como hóspedes e saímos à rua visando conhecer a cidade, bem como procurar local para jantar, onde o fizemos e retornamos ao hotel. Ao chegarmos ao bar objetivando agua e cafezinho e, evidente enquanto ali permanecemos nos chamou atenção à movimentação do evento, em que por instantes passamos a observá-lo. Nisso a visualizar aquela solenidade através dos vidros separando os ambientes, tivemos o desprazer de assistir cena a qual nos deixou extremamente injuriados, quando um dos pobres garçons, foi agredido covardemente por um “coroa” de meia idade, pelas costas, tomado por violenta selvageria, que cercado de outros tantos senhores, que talvez os bajulassem, inclusive até mostraram-se agressivos querendo tomar partido do coroa, já que o garçom em vista dos socos e empurrão que o levou ao chão, lançando a bandeja que segurava contendo garrafa de Whisky, balde de gelo ,copos e guardanapos espalhando cacos por todo lado, no que pese ainda tentasse se elevar, quando se chegam, quatro homens de terno preto, com crachás ao peito, e o seguram pelos braços, sem que ao menos pudesse se defender, ou mesmo catar o que havia sobrado da queda, e o conduziram ao exterior do salão debaixo de muita truculência. Amparado por outros colegas garçons, após ser “jogado” ao living, chegou ao bar, onde nos encontrávamos, mostrando em seu rosto à altura do nariz, um corte que sangrava e era colocado gelo.
Sem nada dizer, apenas ingeriu um copo de agua e sentado ao balcão onde eventualmente permanecíamos e porque não até um tanto irado, me dirigir a ele, a indagar o porquê daquela agressividade? Virando-se a mim, em tom quase imperceptível, falou: -- Por causa de um simples espirro ! Que tentei contê-lo, mas não houve tempo hábil em retirar o lenço do bolso a segura-lo e, sem saber o porquê fui agredido, com alegação de ter os ranhos e perdigotos lançados a atingir a careca do dito cidadão, que por fatalidade era o Presidente da empresa patrocinadora do evento. Mas o que na verdade ocorreu, foram os respingos do suado do balde contendo gelo, pois no afã de conter o conteúdo da bandeja, salpicou pelo ar e deu no que deu, sendo eu a vítima, por haver escorregado numa coxinha de galinha que fora jogada ao chão por alguém mal educado.
Moral da história: Mesmo que houvesse sido atingido por resíduos proveniente do espirro e que viesse provocar nojo e asco, nunca devemos agir com violência tentando justificar suposta repulsa, numa demonstração eloquente de o quanto somos “poderosos” e por isso temos o direito de efetuar esta cafajestada...
Ah... Quando esses executivos e bajuladores são pretensiosos e fazem dos seus ditos poderes o escudo de arrogância praticando indignidades, esquecendo-se que são todos seres humanos e como tal, temos que viver em harmonia e paz... E não querer demonstrar o quanto somos poderosos e por isso temos direito de agir desta forma.
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