O eclético Luiz Ayres, um peão além da conta...
Certa feita, meu saudoso pai Luiz, depois de aguardar em Cruzeiro à liberação do expresso rumo ao sul de Minas. Após horas de espera ali sobre plataforma, chega finalmente à cidade de Passa Quatro, onde de acordo com seu roteiro , apenas previa duas visitas a dois comerciantes e a tarde então embarcaria no trem que o levaria a cidade de Alfenas seu reduto funcional.
Todavia, o atraso considerável o fez mudar seu roteiro e permaneceu na cidade. Mas quando retirava suas canastras de mostruários do vagão de cargas, alguém o tocou no ombro e ao se voltar depara com o colega Monsanto; um velho “nômade” , conhecido por essa região como comprador de gados e useiro na utilização dos transportes ferroviário ao Rio de Janeiro, -- que àquela época eram obrigados a permanecer confinados em quarentena, nos curais apropriados, até a liberação após verificação das vacinas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária -- e abrindo um sorriso, comprimenta-o pondo-se a prosear, quando Monsanto preocupado, apontando à área defronte a estação, em que centenas de animais da raça nelore se sobressaem e fala: - Imagine que estou aqui sem saber o que fazer, pois dentre eles, apontando o curral ,revela que 50 me pertencem e o restante pertencem a dois fazendeiros, os quais tenho que aguardá-los na verificação para então, separá-los pelas marcas de propriedades neles inseridas.
Luiz um tanto abismado, diz que a tarefa não vai ser fácil, no que pesem as marcas. Penalizado por Monsanto, se ofereceu a ajudá-lo, no que o mesmo aceitou. Deixando seus pertences à guarda da estação, desceram aos trilhos e foram a tal área onde o gado estava confinado e puseram mãos a obra.
Em conversa enquanto executava a tarefa, Monsanto contou que o motivo da mistura dos animais, deveu-se por estupidez de um dos peões responsáveis na guarda noturna, a atribuir a agitação de algumas rezes , se tratar de onças rondando o local. Tomado talvez pela tensão, resolveu disparar o rifle algumas vezes, no que ocorreu, em meio ao plantel, a causar verdadeira, como dizem: “o estouro da boiada”, que em consequência as cercas divisórias foram arrebentadas a uni-los num único local. Com certa dificuldade os dois, Luiz e Monsanto, conseguiram em pouco mais de duas horas e meias, pois já tinha a noite como dificuldade a separar o restante dos 32 animais, e optaram na conclusão pela madrugada o término da tarefa, já que tinham conseguido da ferrovia o embarque para Cruzeiro em dois vagões de carga vivas que seriam tracionados ao cargueiro procedente do ramal de Varginha previsto a chegada as 7,45 daquela manhã. Mesmo com certa dificuldade os dois, mesmo nesta operação atípica, conseguiram cercar todas as reses de acordo de tráfego, em que transporte de animais, não há inclusão de qualquer outro tipo de cargas, dada a velocidade baixa da composição a evitar o estresse dos animais. As 7,10 hs aportou à plataforma o cargueiro onde os dois vagões foram acoplados ao comboio, com Monsanto à cabine da locomotiva sendo também conduzido, sem antes agradecer ao amigo Luiz por tudo que o ajudou, a reconhecer o que realmente é uma verdadeira amizade.
Surpresa foi, quando Luiz chegou ao hotel louco por um banho, a livrar-se do “bodum dos currais” ,e é avisado pelo hoteleiro que o pernoite já estava pago, assim como encontra-se junto a estação ferroviária, a sua disposição, uma pick-up azul, Ford 1934, contratada pelo Sr. Monsanto, que o levará até Lavras Minutos depois, já embarcado com seus pertences, devidamente higienizado e alimentado, lá foi Luiz pelas estradas: digo, caminhos poeirentos, bem acidentados ao seu destino, ou seja; A cidade de Alfenas...
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