É óbvio, que o regime democrático nos dá liberdade de expressar livremente naquilo que pensamos, contestamos ou mesmo o que atribuímos ser o certo, embora saibamos que também se tem o direito em sermos retrucados pelo que se expressou, contestou e acusou, inclusive assumindo as falácias, por vezes aleatórias, de que dizemos como ser o dono da verdade, quando por questões ditas difamatórias, inverdades jogadas ao vento no intuito da notoriedade pessoal.
Numa ocasião saboreávamos um cafezinho num bar em uma cidade interiorana mineira, cuja economia escasseada pelo advento do progresso mecanizado na agro pecuária, como vem ocorrendo, infelizmente, quando um grupo de turistas que ali se encontrava, um notório cidadão resolveu tecer comentários desapreciáveis, ao observar vários varredores idosos a varrer o logradouro.
Dando de “parlamentar”, com oratória arrogante e imperativa, dizia ser absurda esta prefeitura se utilizar daqueles “pobres velhos”, que mal podiam consigo mesmo, à limpeza urbana em detrimento dos mais jovens, que desempregados estão à margem da sociedade e a um passo da criminalidade.
Indignado e aborrecido com a falácia do cidadão, chamei e convidei um dos varredores ao café ,e, sem ter qualquer ingerência e intensão política, o indaguei, depois de solicitar ao balconista seu café, sobre o seu trabalho e se estava satisfeito por fazê-lo. Abrindo largo sorriso, contou-nos que como ele, setenta garis são contratados em regime de dia sim, dia não, pela prefeitura, em troca de um salário, uma cesta básica e na aquisição gratuita de remédios necessários junto as farmácias locais, pagos pela prefeitura. Esta tem sido a maneira de sermos ajudados depois de deixar a nossa condição de trabalhadores: “boia fria”, pela idade, na derriça do café e ficarmos jogados a própria sorte vivendo da caridade pública e da igreja. Como não bastasse, ainda veio esta tal de mecanização na agricultura. Portanto, hoje graças a iniciativas louváveis como esta, cujo exemplo esta a olhos vistos ao alcance e a vontade de qualquer prefeito, podemos ver idosos serem dignificados a viver com o mínimo de respeito ao fim de suas vidas sofridas.
O “parlamentar”, convidado que foi por mim a ouvir o relato do “velho”, sem nada a dizer, deixou-nos unindo-se ao seu grupo, entrando no seu pomposo carrão e se foi...
Moral de história: Falar é fácil. O importante é ter dignidade e dar a mão a palmatória quando se reconhece a verdade “in loco”..
Ah... esses “Turistas fanfarrões” de oratórias pré-julgadas, quando se deparam com situações que os constrangem, não passam de meros fanfarrões aos olhos e ouvidos de quem os veem e escutam e se tornam eternos pitorescos, em que um penico seria de boa serventia...
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