Uma aposta bem sucedida...Você sabia ?
Mesmo sabedores que aquele dia, véspera em que se comemora o consagrado a N. Senhora de Aparecida, 12 de outubro, embarcados ao confortável ônibus da viação Sampaio, àquela manhã mesmo chuvosa, lá estávamos nós a caminho da Basílica, onde tínhamos o compromisso em cumprir nossa promessa a ser paga no seu dia consagrado, evidente por uma graça alcançada.
Ao chegarmos à rodoviária local ainda pela manhã, no taxi, fomos conduzidos ao hotel previamente marcado em que recebidos condignamente e quando encaminhados aos aposentos, uma enorme surpresa se apresentou por inteiro ao cruzar no corredor de acesso ao interior do prédio, com uma aparentemente dócil gambá, que trazia em sua boca uma serpente bem peçonhenta, conhecida como cobra coral. Este acesso deveu-se, devido à passagem aos aposentos estar sendo encerada a nos obrigar a passar por fora a evitar qualquer desatenção por quedas.
Um tanto assustado, pois a serpente ainda se debatia e volta e meia se livrava das mordidas do gambá, atento, nos recuamos com o aio que conduzia nossa bagagem, preocupado, a se mostrar aflito, a dizer cuidado com a cobra. Paralisado, com a aparente agora calma, diz que o gambá logo estaria morto e que era só uma questão de minuto.
Tocando ao ombro do cidadão, esboçando um sorriso pelas suas ditas e desconhecidas informações e palavras, e então esclareci. -- Você desconhece que o gambá, possui um contra veneno que neutraliza a sua peçonha e que tem esta serpente como sua caça predileta ?
Virando-se a nós, com ar de descrença, meneando a cabeça, me aborda com um sonoro: -- Moço sô tá querendo me enganar ? Olha que N. Senhora ta ouvindo e vai te castigar...
Depois de assistirmos aquela contenda, onde a víbora foi devorada pelo pequeno gambá e escutar do simplório cidadão a dizer que iria acompanhar o bicho após o ocorrido, já que conhecia seu esconderijo e traria morta ainda hoje para mostrar minha mentira.
Seguindo-o, chegamos ao segundo andar, onde após abrir a porta e deixar as malas sobre o maleiro, e ao fazer menção em retirar da carteira cédulas em gorjetas, segurando minha mão, falou: -- Moço, em vez do me dar gorjeta, vamos fazer uma aposta. Se for verdade não precisa me dar o dinheiro, mas se for mentira vai me pagar o dobro do que ia me pagar, tamos combinados ?
No dia seguinte ao caminharmos ao refeitório, lá estava o moço detrás do balcão, a nos cumprimentar, tendo um livro à mão cujo título era: Os percalços da natureza. Após deixarmos o nosso dejejum, e ir a caminho da nossa higiene bucal, disse sorrindo ao cidadão. Acabamos de nos deliciar com belas “cobras”, digo linguiças, flambadas e estavam deliciosas. Solicitando nossa presença ao balcão, indagou quanto iria pagar pela perda da aposta, pois queria pagar.
Virando-me a ele, dei os vinte reais da gorjeta dizendo que essa ele não esperava... Mas pode ganhar suas apostas tranquilamente...
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