Uma casta de uvas podres
Àquela manhã, íamos em direção a serra da Mantiqueira, quando resolvemos parar às margens da rodovia à localidade de Eng.º Passos, RJ, numa simples, porém, agradável e tradicional lanchonete, em que são servidos vários tipos de especialidades de guloseimas caseiras. Enquanto degustávamos um tradicional cafezinho com broa de milho ainda quentinha, um vistoso Audi estaciona, onde descem dois casais, que falantes penetram ao recinto. Um dois cidadãos, esportivamente bem trajado denotando-se pela postura opulenta, tratar-se de pessoa de posse, após observar as instalações do local, vira-se aos amigos e em tom pejorativo e desprezível, refere-se ao ambiente como sendo de aspecto inferior aos seus estábulos na fazenda. Sorrisos irônicos e deboches preconceituosos expressados, chega-se ao balcão onde o casal de lancheiros e proprietários que gentilmente os faz as honra.
O cidadão irreverente, sarcasticamente, indaga se ali existiam toaletes dignos de servi-los. O rústico e educado senhor, após acanhado e humilde sorriso entrega-lhe as chaves, os quais; os esnobes “mauricinhos”, se direcionam ao toalete. Ao retornarem, as “dondocas patricinhas”, indagam se poderiam se utilizar em confiança dos toaletes femininos. Mesmo desdenhando e ouvir de uma das patricinhas que seria ofensa chamar aquilo de toaletes, a mulher autorizou o uso passando-lhes as chaves. O casal de proprietários demonstrando sua indignação, engolindo em seco, pergunta aos VIPs o que desejavam comer. Franzino o nariz e meneando a cabeça de forma negativa, resolveram pedir apenas dois cafés expressos. Nisso após algum tempo, se chegam as dondocas “aliviadas” a deixar sobre o balcão as chaves. A senhora retira-se do local e não demorou retorna “pagando geral”, referindo-se ao estado lastimável que as “peruas” deixaram o toalete, com os box dos sanitários repletos de papeis pelo chão, fora das caixas coletoras, tábuas dos vasos molhadas de urina, inclusive no interior de um dos vasos um absorvente que certamente iria entupi-lo. Sorte que não foi acionada a descarga.
Aquela “bronca”, justificada, deveu-se segundo a coroa, por ser o local mantido rigorosamente asseado e higienizado. Fato por nós confirmado, já que somos habitue em utilizarmos o local. Sem nada a retrucar, os cafés foram deixados às xícaras com as dondocas se retirando a expressarem irônicos sorrisinhos e os esnobes as seguindo ao carro, a deixar sobre o balcão uma cédula de R$10,00 a dizer para ficar com o troco a ajudar na limpeza da espelunca do “cagador” dito toalete.
Moral da história: De onde menos se imagina, antes de se virar a esquina, a vida nos mostra e ensina, o quanto não se deve cuspir pra cima...
Ah... esses” turistas Fidalgos” cuja fidalguia está aquém da educação e que têm na ostentação e na opulência suas “virtudes”, são sem dúvida uns babacas a nos oferecerem instantes bem além de pitoresco...
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