Por Luís Cláudio de Carvalho
Esse antigo ditado popular resume os apoios dados e recebidos nas diversas situações em que vivemos, mas na política ele é levado mais à risca. Me ajuda que te ajudo. Os favores, mesmo os lícitos e os feitos por obrigação, em algum momento, poderão ser cobrados. Da mesma forma, a má vontade poderá ter troco. E não vejo nada demais nisso. Venho ao caso apenas para mostrar a importância da articulação política e o trabalho para se ter maioria, principalmente nos legislativos.
A história nos mostra presidentes da República, governadores de estado e prefeitos municipais que enfrentaram grandes problemas por não terem maioria nos respectivos legislativos, bem como outros que superaram muitas adversidades e aprovaram grandes projetos por terem maioria folgada. Portanto, está provado que, mesmo o sistema brasileiro fortalecendo a figura dos ocupantes dos poderes executivos, importantes decisões são tomadas pelo legislativo, que podem vetar ou aprovar processos e projetos. Outra comprovação é que, assim como na vida cotidiana, na política e na administração ninguém consegue nada sozinho.
Estamos às portas das eleições em que os brasileiros, embora apáticos ao processo eleitoral e revoltados com a classe política, irão escolher, além do presidente da República e dos governadores dos estados, os membros do Congresso Nacional e das assembleias legislativas. Diante do quadro que se apresenta, especialmente em relação aos candidatos à presidência da República, é necessário que tomemos o cuidado de alertar os eleitores pela necessidade de escolher alguém com responsabilidade e capacidade de dialogar com a sociedade, as instituições públicas e privadas, e com a classe política de modo geral. Por mais carisma, experiência, capacidade administrativa ou qualquer outra qualidade, não haverá um salvador da pátria e nem ninguém que consiga pôr em prática suas idéias e seus projetos, se não tiver capacidade para agregar apoios.
Queiramos ou não, alguém irá nos governar. Que sejam aqueles que tenham espírito público e reconheçam os limites do razoável, da ética, da moral, da convivência pacífica entre os diferentes e das leis. Mesmo que algum candidato ao cargo de executivo consiga a proeza de ser eleito no primeiro turno, com maioria absoluta dos votos, coisa quase impossível nessas eleições, é necessário que ele tenha equilíbrio e saiba entender que não é o senhor da razão e que está sujeito ao crivo do legislativo.
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