Uma vaca em cena!
O hotel em que nos encontrávamos à cidade mineira de Campos Gerais, próximo a Alfenas, estava lotado devido a realização de importante leilão de gado leiteiro de diversos criadores da região, de Mina e outros estados a ocupar a maioria dos hotéis disponíveis.
Pouco antes do almoço, no bar do hotel, um grupo bem animado conversava sobre as últimas novidades pecuárias: inseminação, ordenhas, etc..., cada qual a enaltecer seus plantéis Um dos presentes, por sinal bem a caráter, parecendo autêntico pecuarista abastado, acendendo seu cigarro de palha acabado de enrolar, após longa tragada, indagou dos amigos se iriam ao evento a participar ou apenas apreciar a festa, já que seu intento era arrematar boas matrizes leiteiras, pois assegurara grossa retaguarda bancária ilimitada. Claro que a risada foi geral e acabou noutra rodada de pinga e tira-gosto.
À noite, trajando-se como autêntico fazendeiro, acompanhado de um sisudo e corpulento cidadão, o tal homem do hotel daquela manhã que fazia parte da roda de pecuaristas, se chega e acomoda-se a uma das mesas reservadas aos que participariam do leilão. Imediatamente lhes foram dispensadas as mordomias previstas, com os dois a “abaixarem os queixos” a se desligarem do leilão que logo se iniciou. Ai, então o cidadão que já se fartara com as guloseimas e bebidas oferecidas, após o 5º exemplar posto à venda, resolve se manifestar dando seu lance inicial. Daquele momento em diante, sua participação ativa foi total e sua presença passou a ser notada, tal a dramaticidade no empenho das disputas acirradas travadas com seus concorrentes pecuaristas. Assim se desenrolava o leilão, quando já próximo ao encerramento, uma belíssima vaca holandesa premiada entra em cena; digo, no picadeiro. O lance de abertura foi altíssimo com o tal fazendeiro, pra lá de Marraquexe, cobrindo- o de imediato. Mas foi logo coberto pelo dobro. Tornou a cobri-lo e foi suplantado. A disputa ficou empolgante, era lance sobre lance pipocando aos quatro cantos, até que depois de virar e esvaziar a 2º garrafa de whisky pelo gargalo, o homem dá mais um lance. O leiloeiro vibrante tenta elevá-lo, mas ninguém se habilitou e bateu o martelo. Finalmente para a alegria dos presentes, o homem conseguiu adquirir sua vaca por R$245.000,00!!!
Só que o “ fazendeiro” não tinha como pagá-la, pois na verdade era um simples artista de teatro mambembe, que por falta de espaço e devido à concorrência da TV, vinha passando necessidades extremas pela sua sobrevivência e, no desespero, resolveu encenar sua “peça” representando o” poder do pecuarista e sua vida de negócios”.
Moral da história: O que é a vida senão um teatro, onde dia a dia encenamos dramas e comédias num palco de ilusões, em que simultaneamente somos atores e plateia ..
Ah...” esses atores disfarçados em turistas-pecuaristas”, dotados de fértil imaginação aproveitando o dom artístico que possuem, quando o exagero na ingestão de álcool os deixam confusos e seus papeis encenados são esquecidos e sua representação é comprometida a deixar a plateia confusa entre o aplauso e a vaia, são de fato uns artistas e nos oferecem cenas bem pitorescas, no que pese o melodrama vivido..., pois a fome é implacável !!!
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