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Terça-feira, 25 de Marco de 2025
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Você também não acha?

Pois é Barbosa também achou!

José Luiz Ayres
Por José Luiz Ayres
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     Hoje, a procurar trazer um pouco daquele lirismo, que se evidenciava pelas cidades interioranas, cujo trem tornava-se sem dúvida o fator importante, a ilustrar o quão de poesia havia às chegadas e partidas, a envolver as pequenas populações por ele atendidas, não poderia deixar de citar e, reverenciar, aquela gente rudimentar e humilde que lá vivia pela maneira simplória em levar e desfrutar da vida, em que o trem e a estação como sua fonte cultural, a atribuir de forma até prosaica o progresso da sua cidade.

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     Como adendo, reporto-me ao episódio contado pelo saudoso amigo monsenhor Barbosa, que o deixou embaraçado em responder uma indagação, quando em viagem à cidade de Barra do Piraí, a bordo do expresso no incômodo vagão de 2º classe; assento em madeira, teve atenção despertada por uma mulher e sua pequena filha, ao abordá-lo a indagar sobre determinado assunto; que segundo ela, na sua simplicidade e notória ingenuidade, dizia vir “misturando” sua cabeça ao longo dos anos. A cada vez que via aquele escrito às tábuas nas porteiras das fazendas, em que dizia; “Erva de bicho o conforto na sua cavalgada”. Já que como padre, portanto bem letrado, certamente poderia esclarecer o que eram aqueles escritos e para que serviam.

     Barbosa tomado de surpresa, um tanto confuso, vira-se à mulher de forma gentil, com seu peculiar modo solícito e atencioso de ser, retrucou a lhe perguntar o porquê deseja saber, pois aquele escrito referia-se a um remédio com a finalidade de aliviar e sarar às dores incômodas, pelo inchaço do orifício onde são expelidas as fezes, a dificultar até o ato de sentar, conhecido como inflamações as hemorroidas. A ingênua a mulher, atenta às palavras de Barbosa, o agradeceu pela informação, sem antes dizer, a  pensar que o remédio fosse para bicho de pé. Afinal os escritos eram sempre às porteiras das fazendas. Sorrindo, Barbosa aliviado, virou-se à frente, pondo-se  apreciar a paisagem, a escutar a mãe explicando a filha, quando de súbito ouve a pergunta formulada pela filha: - Mãe, mas o que é hemorroida? Com ares de espanto, limitou-se sobre a sua ingenuidade e desconhecimento a dizer: Não sei filha!

     Em seguida, a tocar ao braço de Barbosa, fala: - Padre me desculpe, mas o que são hemorroidas? Sem poder negar à informação, pigarreando, coçou a cabeça e pôs-se a falar: - Lembra-se como eu havia dito, são os inchaços das pregas à volta do local onde evacuamos as fezes; ou seja, onde são expelidos restos mal cheirosos, que o corpo joga fora. De olhos arregalados, atentas às informações, mais uma vez agradeceu, enquanto Barbosa sorridente diante da ingenuidade volta-se para frente, a se acomodar sobre o assento de madeira da dura poltrona, a fim de aliviar a dormência dos glúteos, quando a menina que ainda ouvia as palavras de sua mãe, esticando o corpo à frente, a chamar pelo padre, profere em voz alta: - Padre, o senhor tem dor de hemorroida? Pois está se mexendo tanto no assento! Então porque não toma Erva de bicho?

     Com o sorriso amarelando, Barbosa meneou a cabeça de um lado para o outro e respondeu: - Filha não tem não, mas a Erva de Bicho não é para se tomar, pois se trata de uma pomada, e como tal, passa-se sobre o dodói.

    Claro que Barbosa, permaneceu aliviado, mas teve que intervir mais uma vez, pois a mãe da menina, diante das palavras, mesmo  inocentes da filha, resolveu castigá-la, dando-lhe palmadas, onde segurando o braço da mulher, Barbosa a conteve e a menina virando-se à mãe, falou: - Mãe não me bate, vou ficar com hemorroidas!

     Assim, Monsenhor Barbosa nos trouxe mais uma de suas histórias, às quais mostrou o quanto à pureza da gente interiorana, fazia pela sua simplicidade, a poesia de uma época que o tempo não trará mais, e que hoje nos deliciamos, ao recordar momentos que nos mostram, através de contos e crônicas inseridas no contexto da nossa singular cultura, as quais sempre serão deliciosamente bem pitorescas...

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