O produto usado nas Estações de Biodescontaminação, as cabines de desinfecção, locadas pela Prefeitura de São Lourenço por R$ 125 mil, não pode ser aplicado diretamente em pessoas. A afirmação é da Agência Nacional de Vigilância (Anvisa) que respondeu a questionamentos do São Lourenço Atual no final da tarde desta quarta-feira, 12.
O São Lourenço Atual enviou a documentação do produto saneante utilizados nas cinco Estações de Biodescontaminação espalhadas pela cidade e questionou a aplicação dele diretamente nas pessoas sem que haja risco. A agência ainda foi questionada se existe nível seguro para aplicação em pessoas e se há algum produto aprovado por ela que possa ser usado em cabines como estas para a desinfecção de pessoas.
De acordo com a Anvisa, o registro e aprovação do produto é para categoria saneante Desinfetante para Uso Geral para uso em superfícies fixas e inanimadas. Não pode ser aplicado diretamente em pessoas.
“Conforme entendimento construído em nossa Nota Técnica 51/2020, à luz da legislação específica, produtos saneantes não podem ser aplicados diretamente nas pessoas! Esse produto foi avaliado e aprovado na categoria saneante Desinfetante para Uso Geral, destinado à desinfecção de superfícies fixas e inanimadas e, ainda que possua um ativo (principal ingrediente) “natural”, existem outros componentes na formulação que não são. Se observar na rotulagem constam frases de precaução do tipo irritante para olhos e pele, e evitar inalação. Esses são os riscos envolvidos na aplicação desse saneante diretamente nas pessoas”, informou a agência.
Outro destaque dado pela agência, foi quanto aos testes feitos pelo produto. “Um outro aspecto importante é que a comprovação de eficácia, ou seja, de que o produto matou os “bichos” exigidos na norma, se deu num tempo de contato de 10 minutos em superfícies fixas (pisos, bancadas, e etc.), pele, tecidos e outros não foram objeto dos ensaios realizados. Essa pulverização leva alguns segundos, não temos comprovação de eficácia em tempo de contato tão célere”.
Sobre níveis seguros de aplicação do produto em pessoas, a agência negou que exista. “Em se tratando de produto cosmético aprovado para essa forma de aplicação, os riscos envolvidos nessa forma de aplicação seriam avaliados e, se aprovado, estaríamos seguros exatamente devido à ausência de possibilidade de irritação na pele e olhos, além de intoxicação por inalação”, argumentou a agência.
A Anvisa ainda negou a existência de qualquer saneante aprovado por ela para ser aplicado em cabines de desinfecção. “Os saneantes são destinados para aplicação apenas às superfícies fixas e inanimadas, portanto nunca devem ser empregados diretamente em pessoas”, finalizou a agência.
Durante uma live realizada no início da noite desta quarta-feira, 12, o secretário municipal de Saúde, Everton Andrade, afirmou que o produto não traz danos à saúde. “A Anvisa não proíbe o uso e o produto é registrado na Anvisa. Ele não tem dano nenhum, só tem benefício. Ele é testado, principalmente, em fungos e bactérias que tem estruturas moleculares mais complexas que do vírus e ele mais eficaz contra o vírus. A população tem que ter essa ciência que esses produtos utilizados nessas cabines de desinfecção têm registro na Anvisa, comprovação científica”, disse Everton Andrade.
Confira a documentação do saneante utilizado nas Estações de Biodescontaminação
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