A primeira fase de um trabalho realizado para encerrar o lixão de São Lourenço e ampliar a coleta seletiva na cidade foi apresentado na terça-feira, 4, pelo Instituto Gesois e pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE). Esta fase que se encerrou com seminário ainda apontou a melhor opção de coleta seletiva para o município.
Entre os três tipos de coletas existentes, a indicada para a cidade foi a Coleta Tríplice. Este tipo de coleta faz a separação dos resíduos recicláveis, orgânicos e dos rejeitos. Segundo o Instituto Gesois, com este tipo de separação, o resíduo reciclável é encaminhado para a cooperativa de catadores de resíduos recicláveis, a Coopreci, o orgânico pode ser reaproveitado em hortas comunitárias através da produção de compostagem e o rejeito será enviado para a cidade de Nepomuceno. Em Nepomuceno será descartado em um aterro sanitário licenciado por uma empresa já licitada no SAAE para fazer o transporte do material.
Entre os levantamentos realizados pelo estudo está a produção diária de lixo no município, que é de 45 toneladas, composto por resíduos domiciliares, públicos, comerciais, entre outros. O estudo ainda apontou que essa quantidade de lixo produzida coloca São Lourenço acima da média de produção de lixo por habitante no Brasil. Enquanto no Brasil é produzido uma média por habitante de 0,95 kg/dia, em São Lourenço esse número chega a 1,08kg.
Desse total produzido, 11 toneladas são recicláveis, 16,5 são materiais orgânicos e 17,5 são os rejeitos. Outro estudo, chamado de análise gravimétrica, analisou amostras de 2 mil toneladas da coleta de lixo dos bairros da cidade. A análise indicou que o vidro representa 4,3% dos materiais descartados na cidade, o plástico 7,69%, o orgânico 37,04%, o metal 2,7%, o papel e papelão 8,92% e o rejeito 39,35%.
O custo para manter o lixão em funcionamento, que é a forma incorreta de destinar os resíduos, e para dar o destino correto aos resíduos também foi mensurada. Segundo apresentado pelo Instituto, a forma correta de destinação dos resíduos sólidos urbanos (RSU) são menos onerosas aos cofres públicos quando aliadas a coleta seletiva.
Atualmente, o custo estimado de operação do lixão é de R$ 3,50 por habitante incluindo as multas ambientais já aplicadas ao município, sem considerar as multas que ainda poderão ser aplicadas caso o município continue destinando os resíduos de forma errada. Para fazer o transbordo do rejeito, coleta seletiva e reaproveitamento do material orgânico, o custo por habitante para a destinação correta dos resíduos é de R$ 1,50 por habitante, substituindo as multas pelo recebimento de ICMS ecológico.
O coordenador da Coopreci, Alberto Souza, destaca que a implantação da coleta seletiva em São Lourenço é uma medida socioambiental que vai beneficiar toda a população da cidade. “A partir do momento que o lixo é separado, para nós, é resíduo agregado de valor. Isso é uma forma de estar ambientalmente correto e ajudar a população e as pessoas que trabalham na Coopreci, de onde sai o sustento delas”, disse Alberto.
De acordo com o presidente do SAAE, Gustavo Ribeiro, a implantação da coleta seletiva é um dos passos para encerramento do lixão e recuperação da área degrada. “A ideia é reduzir em torno de 20% do total do lixo com a coleta seletiva e em um segundo momento reduzir a parte orgânica entre 30% e 40%. O rejeito será destinado para o município de Nepomuceno. Queremos encerrar o lixão dentro de um ano e precisamos da colaboração de toda a população”, afirmou o presidente.
Projeto Reculturar
Uma parceria do SAAE com as escolas privadas e públicas das redes municipais e estaduais já está recolhendo os matérias recicláveis. O SAAE está instalando gaiolas, chamadas de Pontos de Entrega Voluntária, onde serão depositados os resíduos para serem recolhidos pela Coopreci.
Paralelo a instalação das gaiolas, os estudantes estrão recebendo incentivo para levarem o material reciclável para escola, exceto o vidro por ser um material, que quando quebrado, cortante e com possibilidade de machucar as crianças.
Para o superintende do Consórcio Ambiental Cideseia, Braz Leandro de Oliveira, a estratégia é conscientizar as crianças para que elas se tornem multiplicadores na conscientização dos adultos. “As crianças são agentes multiplicadores. A gente acredita que quando um adulto especialista fala com outro adulto tentando impor uma conscientização, há várias restrições que a impedem. Com o conceito de educação ambiental nas escolas, as crianças vão ajudar no processo de transformação e reculturação dos adultos”, disse.
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