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Sexta-feira, 11 de Outubro de 2024
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As serpentes são sempre traiçoeiras

É verdade...

José Luiz Ayres
Por José Luiz Ayres
As serpentes são sempre traiçoeiras
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As serpentes são sempre traiçoeiras...

 

Na vida da gente as coisas ditas e consideradas azares, na realidade      só acontecem quando damos “sopa” para o azar. É normal sobrecarregarmos o pobre do destino, como o responsável por tais situações que ocorrem conosco.

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Ilustrando esta crônica que hora exponho a público, me veio à mente quando desfrutávamos certa ocasião na localidade de Mirantão (MG), diga-se de passagem, belíssima e esplêndida cidade, em que a natureza se faz presente ainda preservada.

 

Numa tarde após o delicioso almoço, o qual lutava contra a lombeira a tentar curtir o ambiente paradisíaco, passamos a observar à porta do hotel um grupo de hóspedes a papear em visível estado de sonolência, cujo objetivo sem dúvida era uma gostosa cama. Tanto foram verdade as nossas previsões, que quase simultaneamente, foram se dispersando em direção ao interior do hotel e só ali permaneceu um casal que pareceu resistir, como nós, os apelos de Morfeu.

 

A desfazer a sonolência, saímos a caminhar, só desta vez alternamos o trajeto apeando a estrada que levava a cachoeira ao invés, como sempre fazíamos em direção ao centro da cidade. Decorrido algum tempo de caminhada, fomos alertados por tropel de cavalo, que conduzindo uma charrete passou por nós, aquele casal que havia permanecido à porta do hotel.

 

Em meio à caminhada, resolvemos retornar, já que as panturrilhas davam sinais de doloridas e ao chegarmos no hotel, recuperados da possível lombeira, nos valemos de um dos bancos visando acalmar as doloridas batatas das pernas a curtir o belo jardim. Passados uns longos minutos, somos interpelados por uma mulher, a indagar se por acaso vimos o seu marido. Pois estava preocupada, por ele não haver tomado seu remédio de hábito para a vesícula a evitar as dores. Não foi nossa resposta, mesmo porque não o conhecíamos. Apenas pela descrição dada pelas vestimentas, atribuímos tratar-se do casal da charrete. No que não demos como ter visto.

 

Por coincidência, quase a seguir a saída da mulher, um cidadão de aspecto simplório, humilde, tipo de  minhoca da terra, se chega a perguntar-nos, segurando uma pilha de roupas, que ao vê-las, pela descrição da mulher, eram as do seu marido. Se conhecíamos aquelas roupas que foram deixadas na sua charrete pelo casal que o alugara. Não confirmado as indagações, o homem foi à gerência do hotel tentando se informar.

 

Depois de algum tempo, ali a atribuir uma complicação, aquela sem dúvida, esperada confusão, resolvemos ir ao nosso aposento e qual foi a nossa surpresa, ao cruzarmos a portaria e ver que o bafafá estava formado. A tal mulher dita como esposa do homem sumido e dono da roupa apresentada pelo  charreteiro, tendo as mãos as roupas do marido, bem como as peças íntimas da suposta amante, em áspero interrogatório, inquiria do humilde homem, que aturdido e visivelmente aparvalhado tentava se defender a justificar sua presença ali. Afinal sua charrete foi encontrada abandonada apenas contendo sobre o assento aquelas peças de roupas. Mas quem iria pagar o aluguel?

 

A noite ao descermos  ao jantar, um clima nebuloso e denso imperava aos quatro cantos, onde comentários, fofocas e mexericos pairavam. Curiosos, indagamos do gerente o que estava ocorrendo. A versão dada foi que o cidadão que havia sumido durante a tarde, marido de uma das hóspedes, acompanhado de outra mulher, que por sinal era amiga dela, quando se banhavam secretamente na cachoeira, o cavalo na charrete se assustou talvez por uma cobra, disparando estrada abaixo e em consequência levando as  roupas dos azarados, deixando-os como Adão e Eva naquele paraíso num naturismo forçado de consequências mais que previstas.

 

Moral da História: Mesmo sem ter a tentação personalizada por uma maçã, nunca devemos descartar a possibilidade de a serpente nos preparar armadilhas às quais estaremos predispostos a cair, levados por desejos pecaminosos onde a traição é a “sopa” no mel a qual damos para o azar...

 

Ah... Esses “Turistas Aventurados” quando vê suas aventuras sucumbirem perante o toque serpenteado do azar dada a sopa que deram  e, atribuem ao destino o tal momento “infeliz” ,são de fato inconsequentes a nos oferecer instantes lamentáveis, porém, “paradisiacamente” pitorescos.

 

 

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José Luiz Ayres

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